sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Uma outra perspectiva

Durante muito tempo, Roberto foi vítima do poder destrutivo da droga. Começou com a inversão de valores: o que era bom e certo não prestava e nem tinha graça, o que despertava o interesse era o errado, o podre o proibido.
Era divertido. Ria de tudo e de todos.Trabalhava, estudava, tinha sonhos.
Com o passar do tempo seus planos foram ficando para depois, seus objetivos já não se concretizavam e dos sonhos ele se esqueceu.
Conheceu a branca e se envolveu profundamente com ela.
A relação se tornou um paradoxo de prazer e dor porque o que sentia era obsessão na veia.
Com a branca, Roberto já não tinha mais vida, seus sentimentos foram anestesiados e a decadência se tornara progressiva. Por estar na negação não enxergava, achando que tinha o controle da situação e que poderia deixá-la quando quisesse.
Grande engano.
Roberto já não mais aguentava aquela relação. O prazer que sentia virou sofrimento e decidiu então se separar. Foi difícil, foi sofrido mas não foi impossível.
Pediu ajuda à família ''o pior cego é aquele que não quer ver'' decidiu ele mesmo se internar.
Durante esse afastamento da sociedade teve muito tempo para refletir o que faria de sua vida quando voltasse para a casa, as opções eram duas: novamente se juntar a branca e destruir sua vida ou fazer diferente, nunca mais se envolver com ela. Assim Roberto decidiu e se afastou da branca e suas amigas.Quando retornou à casa de sua mãe Roberto estava diferente disposto a viver de outra maneira agora com compromisso e princípios espirituais aplicados em sua vida.

Durante uma semana aproximadamente Roberto ficou só em casa não queria sair, talvez para não encontrar os caras na esquina que ficariam falando da loira, da branca da maryjane, todas aquelas que ele já se envolveu numa relação suicida e que quase arruinaram sua vida.
Certo dia Roberto, encontrou um cara que era seu vizinho, moravam na mesma rua mas nunca conversaram, por isso nem sabia seu nome. Ele tinha uma loja e quando viu Roberto disse que soube da sua decisão através de sua mãe e ficou contente em poder vê-lo.
Conversaram um pouco até que recebeu um convite para ir a uma reunião de adictos. Roberto nem sabia o que era isso mas resolveu aceitar o convite já que veio com o atrativo de que poderia encontrar uma nova maneira de viver sem drogas e foi isso que lhe chamou a atenção.
Quando chegou na sala encontrou pessoas reunidas que falavam de suas vidas, eram depoimentos que se igualavam ao seu cotidiano de vida ativa: miséria, sofrimento e dor. Mas o que lhe fez voltar foi ouvir as coisas boas, positivas e muito legais que alguns caras disseram na sala, enfatizando suas conquistas graças a irmandade a qual faziam parte.
Decidiu continuar voltando e na segunda reunião demonstrou a todos o desejo de também se tornar um membro daquela irmandade chamada N.A.
Daquele dia em diante a vida de Roberto realmente começou a mudar pois se sentiu feliz em encontrar pessoas iguais a ele, que estavam cansadas de usar drogas e se reuniam para ajudar umas as outras a não mais usar, mantendo-se limpas enfrentando o mundo e vivendo a vida de uma nova maneira.Tudo o que ele queria.Uma nova perspectiva
Roberto passou a frequentar todas as reuniões de NA da cidade e também de outras cidades conseguindo assim criar um leque de amizades inimaginável o que foi muito bom para ele, mesmo não sendo essa sua intenção mas que naturalmente aconteceram.
Tudo o que a irmandade oferecia aos membros era a liberdade da adicção ativa e conseqüência disso viria uma vida de qualidade em todas as áreas e isso com o tempo foi se comprovando.
Roberto passou a sentir um prazer,uma felicidade indescritível por fazer parte daquela irmandade onde através de um programa de princípios espirituais pudesse se conhecer e aproveitar a oportunidade de viver bem e através de um contato com Deus, um Poder Superior de sua compreensão e adquirir uma paz interior.
Conheceu grupos de serviço formado não por profissionais mas pelos próprios membros para ajudar outros adictos que sofriam sem esperança de um dia conseguir parar de usar e passou a fazer parte pois sentiu que aquela felicidade tinha de ser compartilhada com todos que na ilusão da droga se destruíam.
Fez parte também de alguns encargos de grupo e foi chamado diversas vezes para apadrinhar os recém chegados. É assim que funciona.
Roberto agora é um cara feliz, agradece os dias por estar vivo e por ter encontrado essa irmandade que o ensina a lidar com a vida através de princípios espirituais.

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