segunda-feira, 29 de agosto de 2011

JANELAS ESTÃO ABERTAS

O vento sacudia as janelas
As cortinas balancavam
Pelas frestas arbitrárias
Da alma
Das portas
De pensamentos ondulantes
Ouvia-se um uivo
Como se a espreita
Além do vento
No escuro da noite fria
Um lobo
Uma fera
Algo inumano
Convidasse ao mergulho
Lágrimas faiscavam e
Ao cair contrastavam com o escuro
De uma sala abandonada
Desafiando o vento que soprava
E não as podia apagar
Lágrimas como estrelas na orbita
Da Terra aprisionada
O Arlequim uma vez mais se fantasiou
Encarou-se no espelho enquanto ouvia o vento sibilante
Trazendo palavras de um tempo distante
Palavras antigas que se repetiam
"O pensamento de um Arlequim não se pode considerar"
Involuntariamente sorria
Comerciais de margarina e outras fantasias
Ardilosamente ocultas nas entrelinhas também não
Sua alma já não mais era presa
E de um dia para o outro
Embora carregada de dor
Movia-se por horizontes tão distantes quanto inexistentes
Tão reais quanto próximos
Tão vivos quanto o sopro de seu breve fôlego
Nenhum perdão era pedido
Nenhum perdão concedido
Esse momento ainda não havia chegado
Ainda não estava ele de inteiro pronto
Mas já reconhecia
Seu coração queimava e ardia
Na saraivada final do apocalipse
No instante inicial da criação
As janelas balançavam com o vento
Como se um lunatico batesse
E convidasse para o passeio
Ao som das trombetas finais
Das Furias e dos exércitos
Criados e incriados
Da final explosão do átomo
Sobre as cores da cidade
Nas ruas da desilusao
Na vertigem do desafio
De caminhar sobre o abismo
Um mar sem fim
Tão vasto o mundo
Tão curto o tempo
Era preciso apressar-se
Ou era preciso resistir

Alexandre P.S, 00.08.11



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