ABOLIÇÃO
As borrachadas que já tomei da polícia
Não se assemelham as chicotadas produzidas pelos capitães do mato no passado
Hoje sou negro fugido na selva de pedra
Procurando e encontrando refúgio no quilombo interior
Nas ruas encontro irmãos de cor
Cabelos alisados parecem com o opressor
Não posso confiar, podem me trair, podem me entregar
Buscando aceitação dos seus senhores, feitores, seqüestradores, usurpadores.
Consomem a cultura e priva os negros de serem atores
Falo das mentiras dos vencedores contadas na escola
Não vim aqui me distrair nem me divertir
Faço uso da escrita como ferramenta pra ferir, sacudir
Aqueles que vivem na ilusão
Dizendo que as condições são iguais pra todos nessa nação.
Construída por uma sociedade etnocêntrica
Que produz pensamentos eurocêntricos
Não querendo admitir que são todos mestiços
Resultados de estupros de negras escravizadas e índias
Vamos comemorar a abolição dentro da prisão
Vamos comemorar a libertação na Casa de Detenção
As algemas são as correntes do passado
Sofrimento, Luta e Resistência ta enraizado
Não busco aprovação quando expresso minhas palavras
Lembro-me nas costas do meu avô as marcas das chibatas
Também já fui algemado
Sofrimento, Luta e Resistência ta enraizado
13 de maio dia de reflexão não comemoração
Discutir a discriminação, cobrar
reparação, indenização
Fortalecer a resistência do quilombo interior
Na luta pela verdadeira libertação do povo negro.
Continuem pretos!
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